RETRATOS DA VIDA (1981)
Les uns et les autresOutros Títulos: | Uns e os outros (Portugal) Bolero (USA / Itália) Los unos y los otros (Espanha, Venezuela) Melodía de la vida (México, Colômbia) Ein jeglicher wird seinen Lohn empfangen (Alemanha) Egyesek és mások (Hungria) Jedni i drudzy (Polônia) |
Pais: | França |
Gênero: | Drama, Música |
Direção: | Claude Lelouch |
Roteiro: | Claude Lelouch |
Produção: | Claude Lelouch |
Design Produção: | Jean-Louis Povéda |
Música Original: | Michel Legrand, Francis Lai |
Música Não Original: | Maurice Ravel, Beethoven, Liszt, Chopin, Brahms |
Coreografia: | Maurice Béjart |
Fotografia: | Jean Boffety |
Edição: | Hugues Darmois, Sophie Bhaud |
Figurino: | Catherine Leterrier |
Maquiagem: | Dominique Colladant, Reiko Kruk |
Efeitos Sonoros: | Jean-Pierre Lelong |
Nota: | 9.5 |
Filme Assistido em: | 1982 |
Robert Hossein | Simon Meyer / Robert Prat |
Nicole Garcia | Anne Meyer |
Geraldine Chaplin | Susanne / Sarah Glenn |
Daniel Olbrychski | Karl Kremer |
Jorge Donn | Boris Itovitch / Sergei Itovitch |
Rita Poelvoorde | Tatiana Itovitch / Tania Itovitch |
Macha Méril | Magda Kremer |
Evelyne Bouix | Evelyne / Edith |
Francis Huster | Francis |
Raymond Pellegrin | Sr. Raymond |
Paul Préboist | Avô de Edith |
Jean-Claude Brialy | Diretor do Lido |
Marthe Villalonga | Avó de Edith |
Fanny Ardant | Véronique |
Jacques Villeret | Jacques |
Jean-Claude Bouttier | Philippe Rouget |
Richard Bohringer | Richard |
Nicole Croisille | Ela própria |
Ginette Garcin | Ginette |
Jean-Pierre Kalfon | Padre Antoine |
Geneviève Mnich | Jeanne |
Alexandra Stewart | Alexandra |
Eva Darlan | Eva |
Manuel Gélin | Patrick Prat |
Candice Patou | Candice |
Maïa Simon | Isabelle Prat |
James Caan | Jack Glenn / Jason Glenn |
Féodor Atkine | Alexis |
Anne Caudry | Filha de Eva |
Louise Chévalier | Empregada de Padre Antoine |
Sharon Stone | Namorada do viúvo Jack Glenn |
Bernard-Pierre Donnadieu | Representante da Cruz Vermelha (UNICEF) |
Nicole Daresco | Gina |
Charles Gérard | Charlot |
Georges Rabol | Michel |
Lyle Joyce | Sr. Tracy |
Paulita Sedgwick | Sra. Tracy |
Frank Runyeon | Pierre Lyon |
Festival Internacional de Cannes, França
Grande Prêmio Técnico
Academia Japonesa de Cinema, Japão
Prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira
Festival Internacional de Cannes, França
Prêmio Palma de Ouro (Claude Lelouch)
Prêmios César - Academia das Artes do Cinema, França
César de Melhor Filme (Claude Lelouch)
César de Melhor Edição (Sophie Bhaud, Hugues Darmois)
César de Melhor Música escrita para um Filme (Michel Legrand e Francis Lai)
César de Melhor Som (Harald Maury)
1936 - Em Moscou, juntamente com outras candidatas, a dançarina Tatiana apresenta-se diante de um comitê que vai escolher aquela que dançará o "Boléro", de Ravel, e se tornará a 1ª bailarina do Bolshoi. Ela não é a escolhida mas, pouco depois, casa-se com o músico e um dos examinadores, Boris Itovitch. Depois que o casal tem um filho, Sergei, a Rússia é invadida pelas tropas nazistas, e Boris é convocado pelo exército, morrendo no campo de batalha.
1937 - Em Paris, uma jovem e promissora violinista, Anne, apaixona-se e se casa com o colega e pianista judeu, Simon Meyer. Em agosto de 1942, durante a ocupação da cidade pelas forças nazistas, o casal é deportado para um campo de concentração, levando consigo o filho Robert, com apenas alguns meses de idade. Quando o trem, que os leva, pára na pequena cidade de Igney-Avricourt, eles abandonam o bebê entre os trilhos da ferrovia, na esperança de que alguém o encontre. Um adolescente, ao passar de bicicleta, o apanha e o deixa à porta de uma pequena igreja a 50 km do local. Robert é, então, criado pelo padre Antoine, com o nome de Robert Prat. Seu pai, Simon, é morto numa câmara de gás do campo de concentração.
1938 - Em Berlim, o enorme sucesso de Karl Kremer, um jovem pianista, é confirmado quando ele recebe os cumprimentos pessoais de Hitler. A eclosão da guerra, em 1939, o leva a deixar sua mulher, Magda, a fim de lutar por seu país. Quando as tropas alemães ocupam Paris, em junho de 1940, Kremer desfila à frente de seu batalhão. Ele permanece na capital francesa, durante todo o período da ocupação.
Setembro de 1939 - Em Nova York, durante uma apresentação de Jack Glenn e sua orquestra, após ele dedicar sua última composição à sua jovem mulher, a cantora francesa Susanne, o show é interrompido para ser anunciado que, face à invasão da Polônia pelas tropas nazistas, a Inglaterra e a França declararam guerra à Alemanha. Em dezembro de 1942, Jack deixa a mulher e seus dois filhos pequenos, Jason e Sarah, ao viajar para Londres onde, à frente de uma orquestra militar, proporciona shows para entretenimento dos soldados. Logo após a libertação de Paris pelas forças aliadas, em agosto de 1944, Jack anima a festa popular da vitória num dos parques da capital francesa. Na multidão que canta e dança ao som de sua orquestra, encontram-se o padre Antoine, com o pequeno Robert em seus braços, assim como, Evelyne, uma jovem cantora francesa que, durante o período da ocupação, teve vários amantes entre os oficiais nazistas.
Rejeitada pelos parisienses, que a vêem como uma prostituta, Evelyne tem a cabeça raspada e viaja com sua filha, Edith, fruto de seus relacionamentos com os oficiais alemães, para a casa de seus pais, em Dijon. Uma semana depois, cercada de incompreensão, ela se suicida. Edith é criada pelos avós e, aos 20 anos, muda-se para Paris.
Com o fim da guerra, Anne Meyer, sobrevivente do campo de concentração, dedica sua vida à procura do filho que, um dia, fora obrigada a abandonar. A cada 15 dias, vai à Igney-Avricourt na tentativa de conseguir uma pista que a leve a Robert. Vinte anos depois, este é um conceituado advogado, casado e com um filho, Patrick, que vem a se tornar um importante cantor.
Na Rússia, Tatiana torna-se encarregada da escola para principiantes do Bolshoi. Em 1964, seu filho, Sergei, agora um bailarino de sucesso, aproveita uma turnê no exterior para pedir asilo político. Em seguida, casa-se e tem uma filha, Tania, que também segue a mesma carreira da avó.
Em Nova York, a exemplo de seus pais, Jason e Sarah Glenn tornam-se importantes figuras do show business, ele como diretor de cinema e ela como uma brilhante cantora. Por telefone, tomam conhecimento que sua mãe morreu e que seu pai se acha em estado grave, ao sofrerem um acidente automobilístico.
Na França, por sua incrível semelhança com o pai, ao lançar um livro com sua foto na capa, Robert Prat é reconhecido e procurado pelos padrinhos de casamento de seus pais. No encontro, toma conhecimento de sua história, bem como, que sua mãe foi vista pela última vez há dois anos, quando começou a perder a memória. Ele passa a procurá-la.
Em 1980, o Sr. Stéphane, representando a Cruz Vermelha e a UNICEF, convida Sarah, que se acha numa temporada, no Lido de Paris, para participar de um grande festa de solidariedade, a ser transmitida por todas as TVs do mundo. O mesmo convite é feito por ele ao agora mundialmente famoso, maestro Karl Kremer, ao fabuloso bailarino, Sergei, e ao jovem e talentoso cantor, Patrick.
Assim, na Esplanada do Trocadéro, em Paris, em benefício da UNICEF, tem lugar a apresentação de gala do balé, "Boléro", de Maurice Ravel, tendo o russo Sergei Itovitch, como primeiro-bailarino, o alemão Karl Kremer, como o maestro-regente, o cantor francês, Patrick Prat, e a cantora americana, Sarah Glenn. Na platéia, acham-se parentes e amigos e, no caso de Patrick, além de seu pai, Robert, encontra-se também sua avó, Anne Meyer, finalmente localizada num asilo. Aqueles que, por alguma razão, não puderam estar presentes, assistem ao evento pela televisão.
"Retratos da Vida" é um dos melhores e mais comoventes filmes que já assisti. Autêntico, honesto, o filme trata de vários aspectos da vida humana: amor, arte, destino, solidariedade, felicidade, morte, liberdade...
Claude Lelouch, que já nos havia dado várias pérolas do cinema francês, como "Um Homem, Uma Mulher", de 1966, "Viver por Viver", de 1967 e "Outro Homem, Outra Mulher", de 1977, entre muitas outras, nos brinda com essa obra-prima, onde, além da direção, é responsável também pelo roteiro e pela produção.
O filme desenvolve-se em quatro países, Rússia, França, Alemanha e Estados Unidos, e mostra o período americano das 'big bands', a ascensão de Hitler na Alemanha, a perseguição dos judeus na França e sua deportação para os campos de concentração de Treblinka, Auschwitz, entre outros, a batalha de Stalingrado, o desembarque na Normandia, a libertação de Paris, e o impacto desses importantes eventos nas gerações futuras.
Para Lelouch, é a arte, no filme representada pela música, o canto e a dança, a grande e universal linguagem da esperança. A festa da solidariedade, reunindo expoentes dessa arte vindos de três continentes, em benefício das crianças representadas pela UNICEF, é a maior prova desse seu pensamento. Os principais personagens, separados por motivos políticos, como a hostilidade entre Leste e Oeste, são, entretanto, unidos pelo amor às artes performáticas.
Muitos personagens lembram ícones da música e da dança como, por exemplo, Joséphine Baker, Edith Piaf, Herbert von Karajan, Glenn Miller e Rudolf Nureyev.
O elenco é de primeira linha, com vários atores interpretando mais de um papel: pai e filho, mãe e filha, avó e neta. As músicas, por outro lado, são fascinantes, não só as dos grandes mestres (Beethoven, Ravel, Brahms, Chopin, Liszt), como as de Pierre Barouh, Michel Légrand, Francis Lai e Jean Yanne.
O que não dá para entender é o fato de "Retratos da Vida" não ter sido agraciado com um grande número de prêmios internacionais.
CAA